Suplementação alimentar em cordeiros aumenta produtividade e reduz emissão de metano, aponta estudo da UFSM

Suplementação alimentar em cordeiros aumenta produtividade

Pesquisa realizada em parceria com a Mig-PLUS comprova que produtividade e sustentabilidade podem caminhar juntas na ovinocultura.

Um experimento conduzido pelo Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em parceria com a Mig-PLUS, demonstrou que a suplementação alimentar pode elevar significativamente a produtividade da ovinocultura e, ao mesmo tempo, reduzir a intensidade das emissões de metano (CH₄) por quilo de carne produzida.

Realizado no inverno de 2024, o “Experimento Inverno UFSM – Mig-PLUS” avaliou cordeiros da raça Texel, com 10 meses de idade inicial, durante 146 dias em três sistemas de pastejo: apenas gramíneas (azevém sobressemeado em Tifton 85), gramíneas associadas a leguminosas e gramíneas com suplementação alimentar utilizando o produto Mig-PLUS, fornecido diariamente em quantidade equivalente a 1% do peso corporal dos animais.

De acordo com a doutoranda em Zootecnia Dinah Pereira Abbott Rodrigues, responsável pelo experimento, o ganho de peso por hectare no tratamento com suplementação foi 96% superior ao sistema apenas com gramíneas e 56,2% maior em relação à associação com leguminosas. A produção de carcaça também apresentou ganhos relevantes: 124% maior em relação ao pastejo de azevém exclusivo e 67,9% acima do consórcio. “Apesar das condições climáticas extremas no Rio Grande do Sul em 2024, marcado pelas inundações, os resultados em ganho de peso e carcaça foram surpreendentes”, analisa a pesquisadora.

Um dos achados mais impactantes do estudo está relacionado à sustentabilidade da produção. A pesquisa mediu a intensidade de metano (CH₄), um indicador que relaciona as emissões de gases de efeito estufa com o desempenho animal. O sistema com suplementação apresentou emissão 67,1% menor de metano por quilo de carcaça produzida, em comparação com o pastejo exclusivo de azevém. 

A coordenadora do estudo, professora Luciana Pötter, explica que a medição foi feita por meio de câmaras portáteis de acumulação de gases (PAC), metodologia que permite avaliar de forma prática e precisa as emissões individuais. “A redução na intensidade das emissões mostra como estratégias nutricionais podem tornar os sistemas de produção mais eficientes e reforçar o papel da pecuária como aliada na mitigação dos gases de efeito estufa”, afirma. 

Aplicação prática para o produtor

De acordo com a doutoranda Dinah Rodrigues, os resultados do estudo indicam que o investimento em manejo de pastagens e estratégias alimentares pode acelerar o ciclo produtivo, otimizar o uso da terra e garantir maior rentabilidade com menor impacto ambiental. “A pesquisa fornece dados científicos que podem auxiliar os produtores a planejar o uso das pastagens e equilibrar os custos com a suplementação para obter sistemas mais eficientes e sustentáveis”, afirma.