Pastejo diferido é uma técnica de manejo forrageiro que consiste em excluir temporariamente uma área do pasto da utilização por animais, permitindo o acúmulo de forragem para uso posterior, geralmente durante períodos de escassez, como a estação seca. Essa prática é comum em sistemas de produção animal em regiões com marcada sazonalidade climática. O objetivo é estocar forragem durante a estação chuvosa, quando o crescimento das pastagens é mais intenso, para fornecimento aos animais na estação seca, quando a disponibilidade natural de forragem é reduzida.
A adoção dessa técnica permite garantir uma nutrição animal contínua para os animais em épocas críticas, contribuindo para a manutenção da condição corporal dos animais e assegurando saúde e produtividade ao longo do ano, caso seja de sua escolha utilizar apenas o pasto como fonte alimentar do rebanho.
Compreender a importância do pastejo diferido é essencial para quem busca eficiência na pecuária de corte. Trata-se de uma estratégia eficaz que, além de proporcionar estabilidade alimentar, pode integrar-se a programas de manejo sustentável da propriedade.
Qual a diferença entre pastejo diferido e pastejo rotacionado?
Embora ambos sejam métodos de manejo de pastagens, o pastejo diferido e o pastejo rotacionado apresentam propósitos distintos. O pastejo diferido visa à estocagem de forragem para períodos futuros de escassez, enquanto o pastejo rotacionado busca o uso contínuo e eficiente da pastagem por meio da subdivisão da área em piquetes e do uso alternado por lotes de animais.
O pastejo rotacionado favorece a recuperação do pasto entre as utilizações, preservando sua produtividade e qualidade. Já o pastejo diferido consiste em cessar temporariamente o uso de determinada área, concentrando o consumo em outro espaço, com o intuito de acumular biomassa vegetal. O uso do pastejo diferido é indicado, principalmente, como preparação para períodos de menor crescimento forrageiro.
Ambas as estratégias podem ser complementares, desde que planejadas com base em dados sobre a taxa de crescimento das forrageiras, disponibilidade de área e características do rebanho. A escolha dependerá dos objetivos de produção, condições edafoclimáticas e características da forrageira utilizada.
Quando é indicado usar o pastejo diferido?
O pastejo diferido é especialmente recomendado em regiões com estações secas bem definidas ou períodos de dormência das pastagens. Nessas condições, o crescimento da forragem é comprometido, sendo necessário antecipar-se com o acúmulo de forragem nas épocas de maior crescimento, geralmente durante a estação chuvosa.
Para garantir bons resultados, o diferimento deve começar antes do início da estação seca, permitindo o acúmulo de massa seca suficiente para sustentar o rebanho. Essa técnica é útil para bovinos de corte, assegurando uma oferta estável de alimento e minimizando oscilações na produção.
Além disso, o pastejo diferido pode ser usado como ferramenta auxiliar na recuperação de áreas degradadas, ao permitir o descanso da vegetação. Contudo, para recuperação efetiva, essa prática deve ser associada a ações como correção da fertilidade do solo, controle de plantas invasoras e reestabelecimento de espécies forrageiras desejáveis.
Quais os benefícios e riscos do pastejo diferido?
Entre os principais benefícios do pastejo diferido estão a disponibilidade de forragem durante períodos críticos, o descanso da pastagem, que contribui para a longevidade do pasto, e a facilidade no planejamento forrageiro, melhorando a eficiência do uso da área.
No entanto, a qualidade da forragem diferida tende a diminuir com o tempo. A senescência natural das plantas leva ao aumento da fração fibrosa (FDN e FDA), redução da digestibilidade e menor teor proteico, o que pode comprometer o desempenho dos animais. Portanto, o tempo de diferimento deve ser bem planejado para que a forragem acumulada ainda possua valor nutritivo compatível com as exigências do rebanho.
Outro risco está relacionado à superlotação quando os animais são introduzidos na área diferida sem o ajuste adequado da carga animal, o que pode causar degradação do pasto e compactação do solo.
Como fazer o planejamento do pastejo diferido?
O planejamento do pastejo diferido deve começar com a definição dos objetivos da técnica, seja estocar forragem ou promover o descanso da pastagem. Em seguida, deve-se considerar as características edafoclimáticas da propriedade, o tipo de solo, as espécies forrageiras utilizadas e as previsões climáticas.
É importante estabelecer um cronograma com datas de início e término do diferimento, associando isso à projeção de consumo dos animais. O cálculo da taxa de lotação e da capacidade de suporte da área é essencial para evitar sobrepastejo ou subutilização. Dados como peso vivo médio do rebanho, exigências nutricionais específicas e tempo de uso da área devem ser levados em conta para ajustar a oferta de forragem à demanda.
O acompanhamento constante do estado da pastagem e das condições climáticas permite realizar ajustes em tempo real, garantindo que o pastejo diferido cumpra seu papel como ferramenta estratégica de manejo. Essa técnica, quando corretamente aplicada, contribui para maior estabilidade na produção animal ao longo do ano e para a sustentabilidade do sistema produtivo.